sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Dia 04 - San Pedro de Atacama - Iquique - 480 km

Depois da incursão dos meninos ao Vale de la Luna, pegamos a estrada por volta de 12:30 rumo ao Norte, com o objetivo de chegar a Iquique. Seria mais um dia light, de menos de 500 km. E demos sorte no clima, que esteve perfeito durante todo o trajeto. Na saída de San Pedro seguimos pelo "outro lado" do Deserto do Atacama. Por cerca de 100 km, mais uma demonstração da beleza solitária do deserto. Passamos por várias minas, uma das principais fontes de riqueza do Chile.

A primeira cidade do trajeto foi Calama, onde abastecemos as motos, embora ainda tívessemos rodado pouco pra evitar problemas com gasolina mais pra frente. Almoçamos e voltamos pra estrada, com mais uns 150 km rodados até finalmente encontrarmos o Pacífico, do outro lado do continente. Chegamos a Tocopilla, e neste ponto, fizemos a cagada coletiva do dia. Nem nos passou pela cabeça abastecer, já que haviamos praticamente acabado de abastecer em Calama e seria necessário um pequeno desvio para entrar em Tocopilla. hehehehe... já devem estar adivinhando, certo? Pois é... De Tocopilla até Iquique seriam 240 km de um visual espetacular, o tempo todo percorrendo uma estrada perfeita, incrustrada entre a Montanha a 50 metros à direita, e o oceano a 50 metros à esquerda. Com apenas um detalhe: absolutamente nenhum posto de gasolina!!!!!!

Esta rota que percorremos é a 01 do Chile, o que me levou a crer que deve existir algum acordo entre os países para batizarem suas rotas mais bonitas que percorrem paralelamente ao oceano com o número "01". É assim nos EUA, onde a US01 margeia o oceano com falésias abundantes entre San Francisco e Los Angeles; posso estar sendo traído pela memória, mas penso que na Australia umas das rotas que margeia o oceano se chama 01; e é assim aqui no Chile. Bonito, muito bonito mesmo. Mas completamente isolado. O que, como já vimos, é um problema para a moto do Montanha que tem menor autonomia...

Chegamos a um posto fiscal do Chile quando faltavam cerca de 180 km para chegar a Iquique. E ali descobrimos que não havieriam postos até Iquique. Fizemos as contas e a moto do Montanha ia ter que rodar 390 km com um tanque. Na média, o limite era de 330 km... Decidimos ir em frente (até porque não havia outra alternativa) com a mão bem leve, e seguimos viagem a 90/100 km/h para economizar combustível. E funcionou!!!!!!! Com este ritmo mais leve, a moto do Montanha subiu sua autonomia de 330 km para 350 km!!!!!! Mas infelizmente, a gente precisava de 390 km... :-(

Ou seja, 40 km antes de Iquique, pane seca!!!!!!!!!

Mas não nos abatemos! Aí começou o lado Magaiver (é assim que se escreve?????) da galera. As outras duas motos tinham gasolina de sobra no tanque, portanto o desafio era conseguir tirar gasolina de uma das motos e passar pra moto do Montanha. Edu conseguiu achar uma mangueira no meio do deserto!!!!!!! Meio ressecada, o que exigiu um trabalho artesanal pra selar os buracos com silver tape. O problema é que era uma mangueira toda curva, e não conseguimos chegar na gasolina do tanque das motos com aquela mangueirinha...

Tentamos parar alguns carros para pedir ajuda, mas ninguém tinha uma mangueira pra emprestar. Como o que não tem solução solucionado está, o jeito era um de nós ir a Iquique buscar gasolina e voltar pra abastecer a moto do Montanha... lá fui eu pela estrada, meio injuriado com os 120 km que ainda ia ter que rodar quando já achava que estava chegando (40 pra ir, 40 pra voltar, e mais 40 pra ir novamente). Enquanto praticava meu zen budismo debaixo do capacete pra me conformar com o que naquele momento não tinha solução, cheguei ao aeroporto de Iquique, uns 5 km à frente de onde estávamos com as motos. Aí estava a solução!!!!! Entrei no aeroporto e saí pedindo por mangueira nas locadoras de carros e depois aos taxistas e uma boa alma conseguiu uma mangueira pra gente. Voltei rapidão certo que o problema estava resolvido... Mas a mangueira era muito curta! Como as motos ainda tinham gasolina mas ela estava no fundo do tanque (os tanques destas motos são divididos em dois compartimentos), a mangueira não alcançava a gasolina. E demorou pra descobrir isso, com o Montanha enchendo a cara de gasolina de tanto tentar puxar o combustível de dentro do tanque. Já tava ficando doidão!

Quando a viola já estava em cacos outra vez e já havíamos desistido de chegar ao combustível dos tanques com aquela mangueira curta, veio a última idéia salvadora do dia! Deitar a moto!!!!!! E assim fizemos, deitamos a moto do Edu, o que colocou a gasolina do tanque toda pra um lado só. Montanha aspirou com força, ficou doidão de vez porque a gasolina veio com força, botamos a gasolina em uma garrafa de agua que tínhamos na moto, improvisamos um funil com outra garrafa pet que encontramos no deserto e voilá! A moto do Montanha já tinha gasolina pra chegar a Iquique.

Chegamos, abastecemos as motos e nos hospedamos no Holiday Inn de Iquique, de frente pro mar! Iquique é uma cidade no meio do nada, com zona franca, e prédios muito bonitos na orla. Grande número de bares e restaurantes e muita gente circulando na beira-mar. O cenário perfeito para nosso último dia no Chile.



Primeira vista do Pacífico, cidade de Tocopilla
















E aqui começou o perrengue...
Magaiver em ação!!!!!!!


Montanha ficando doidão de tanto tomar gasolina
E pra fechar o dia com chave de ouro, o por do sol no Pacífico da janela do quarto do hotel

Um comentário:

Jorge Alexandrino disse...

Fantástica a narrativa e as fotos !!!
Valeu pessoal e vamos em frente !!!
Boa viagem ...